RESPOSTAS AO DR. SAMUEL RAMOS – (Parte 4)

IV – AS 7 TROMBETAS

5º ERRO: “As Pragas seguem as Trombetas que seguem os Selos, que seguem as Cartas. Então, as Trombetas estão todas no futuro.”

Dr. Samuel coloca os Selos, as Trombetas e as Pragas no futuro. Após as 7 Igrejas, começam os 7 Selos, segundo ele.

QUADRO FUTURISTA DA “SÉRIE DE 7” DO APOCALIPSE

O Dr. Samuel Ramos ilustra esta corrente cronológica da seguinte maneira:

Ainda bem que a linguagem acima do Samuel é apenas uma “proposta”, nada definitivo. Neste estudo, veremos que esta cadeia cronológica não se adapta à realidade da profecia.

QUADRO HISTORICISTA DAS 7 TROMBETAS

O Quadro Futurista do Samuel parece muito atrativo, é muito mais fácil de explicar do que memorizar fatos históricos, mas não contém a verdade. A Igreja Adventista viu que o único método que interpreta corretamente as profecias apocalípticas é o método historicista, que acompanha os eventos no decorrer da História, em que as profecias se cumprem pontualmente. Outros métodos como o idealista e o futurista não se adaptam à profecia apocalíptica. Não ajudam a compreensão de profecias que estão no passado ou no futuro.

O método seguido por Samuel Ramos é o futurista, em que as profecias das Séries de 7 do Apocalipse são colocadas no futuro.

Entretanto, para acertarmos a interpretação das profecias de Apocalipse, temos que seguir as regras de interpretação dadas no livro de Daniel, porque esta é a chave para interpretar as profecias Escatológicas (futuras) e Cronológicas (ordem no tempo).

A grande regra de interpretação do Apocalipse é a regra da Repetição e Ampliação. Além do contexto que se deve analisar cuidadosamente, além do significado das palavras, se a visão é literal ou simbólica, temos que considerar a regra áurea da Profecia: “Considere as repetições e ampliações naturais das profecias de Daniel e veja se estas repetições e ampliações não se verificam em Apocalipse”.

Por exemplo: Daniel 11-12 repete e amplia Dan 8-9, que repete e amplia Dan 7, que repete e amplia Dan 2. Aplicando este método em Apocalipse, veremos facilmente que as Cartas de Apo 2-3 se repetem e se ampliam nos 7 Selos, e estes se repetem e se ampliam nas Trombetas, especialmente no 5º Selo que exibe o clamor dos mártires. As Trombetas são a resposta de Deus a esse clamor por justiça, mesmo aqui na terra. As Trombetas são juízos de Deus contra o Império Romano, começando com Roma Ocidental (pelos bárbaros), depois com Roma Oriental (pelos árabes e turcos), e, então,   finalmente com Roma Mundial (pelas 7 Últimas Pragas).

As Trombetas são o aviso de misericórdia de Deus para que os homens se arrependam antes que venham as 7 Últimas Pragas, que destruirão não apenas “a terça parte” da Terra, como no caso de 5 primeiras trombetas (Apo 8: 7-12; 9:15), mas toda a Terra, como no caso das 7 Pragas (Apo 16).

As 7 Pragas se assemelham às Trombetas não para dizer que são os mesmos acontecimentos, e do mesmo tempo, mas para transmitir a mensagem de que os mesmos juízos parciais das Trombetas do passado serão os mesmos juízos ampliados que alcançarão TODA A TERRA, no futuro. Mas embora as trombetas apresentem juízos simbólicos, as Pragas enfatizam juízos literais de destruição da Terra toda.

Portanto, as profecias da “Série dos 3 Sete” do Apocalipse não são cronológicas, não há uma sequência, porque há uma justaposição delas, de tal modo que todas começam na Era Cristã, e culminam com a Volta de Cristo. São acontecimentos desde o tempo dos apóstolos, e se cumprem na Era Cristã. Elas se cumprem em justaposição, assim como as profecias de Daniel que tem os capítulos em repetição e ampliação.

Mas, qual é a sequência do livro de Daniel? Ele começa  com a Babilônia (literal) e termina com a Babilônia (simbólica). Assim também o Apocalipse. Começa com Roma literal e termina com Roma espiritual. Comparando com Daniel, temos o mesmo final, porque Daniel estabelece um esboço que deve nortear todo o livro do Apocalipse. Em Daniel 2, temos o esboço que nos leva a Roma que é o último reino universal. As Trombetas são os juízos parciais de Deus contra Roma, e as Pragas são os juízos finais e globais contra a mesma Roma que ainda não aprendeu e não se arrependeu dos seus atos pecaminosos (Apo 9:20-21). Durante as 7 Últimas Pragas, já será tarde para se arrepender (Apo 16:9,11), porque a porta da graça terá sido fechada (Luc 13:24-25; Apo 15:8; 22:11).

Como podemos saber que as Pragas não começam junto com a “Série dos 3 Sete” (Igrejas, Selos e Trombetas), que ocorrem simultaneamente? Porque as Pragas têm um tempo determinado pela ação final de Cristo no Santuário celestial. De acordo com Apo 15:8, Cristo termina a Sua obra de intercessão e Juízo Investigativo, e começam logo a seguir as 7 Pragas descritas no capítulo 16.

COMPARAÇÃO ENTRE AS TROMBETAS E AS PRAGAS

Muitos eruditos do Apocalipse encontram as semelhanças entre as Trombetas e as Pragas, chegando à conclusão de que deve haver alguma mensagem importante para tanta coincidência em duas profecias tão significativas.

Mas a maioria fica apenas nas semelhanças e esquecem de considerar ou descobrir que há claras diferenças também, que não devem ser esquecidas, com o perigo de entrar numa falsa interpretação.

Aqui entra a importância de se estudar as 7 Regras de Interpretação, que podem nos ajudar a fazer as devidas aplicações e descobrir que certos símbolos iguais aparecem com diferentes significados em diferentes contextos. Um exemplo especial aqui é o grande rio Eufrates, literal nas Trombetas (Apo 9:14), mas simbólico nas Pragas (16:12).

Há muitas semelhanças entre as Pragas e as Trombetas.

Mas, se há tantas semelhanças, será que é tudo a mesma coisa? Será que os acontecimentos das 7 Trombetas são os mesmos das 7 Pragas? Será que as Trombetas são as Pragas, e ocorrem ambas no final do tempo da graça, como querem alguns, como o Pr. Samuel? Seriam apenas juízos do Fim, como querem alguns ensinadores modernos?

Não, não podem ser, porque se há semelhanças, há também diferenças. É o que vemos a seguir.

As diferenças são escatológicas, mas muito claras para serem confundidas. Quando você se apega às semelhanças, você tem a impressão de que as Trombetas e as Pragas são a mesma profecia, e que acontecem juntas, e no mesmo tempo. Mas quando você vê nitidamente as diferenças, você percebe que as 7 Trombetas são anúncios em miniatura do que acontecerá nas Pragas em escala mundial. Basta comparar.

6º ERRO: “As Cartas, Selos e Trombetas não podem ser do mesmo período, porque não se correspondem, não se ajustam no mesmo tempo.”

Ele está seguindo uma posição dos Protestantes. Não é uma posição adventista. A teologia popular ainda está discutindo sobre onde colocar as Trombetas: Dentro ou fora do 7º Selo? Mas, como os Protestantes estão ainda em dúvida sobre as profecias, os adventistas sabem onde colocar os acontecimentos proféticos, porque têm a orientação do Espírito de Profecia, especialmente do Grande Conflito.

Ramos quer dizer que não há uma justaposição no mesmo tempo na História; portanto, não parece lógico você colocar as Trombetas iniciando juntas com as Igrejas e os Selos, porque a data da primeira trombeta é colocada em 395 AD, sob Alarico, rei dos visigodos, bem distante da data de 31, quando Cristo foi crucificado.

Mas a resposta a esta questão está no fato de que os esquemas exatos de datas não estão sendo exigidos para o cumprimento da profecia. E como as Trombetas tratam de juízos, estes devem esperar o tempo exato de Deus e não o nosso. Primeiro, vem as ações perseguidoras; depois de um tempo, vem os juízos. Deus espera até que os ímpios se revelem; dá um tempo para que todos conheçam o caráter deles. Só então, virão os juízos. Assim, Deus começou no Céu, e é este o Seu método. Portanto, primeiro vem a perseguição; depois vem os juízos, não concomitantes.

Você esperaria que os juízos contra os perseguidores romanos começassem no tempo de Cristo? Eu também, porque a culpa da morte de Cristo também pesa sobre Roma. Porém, ao invés disso, eles destruíram Jerusalém e o templo, no ano 70 de nossa Era. Mas a vingança divina parecia tardar. Você esperaria que os juízos contra os romanos começassem no tempo em que os cristãos foram lançados às feras? Eles também, mas o tempo era de Deus, não deles.

Então, por que Samuel Ramos está dizendo que o tempo não corresponde? Por que ele quer uma adaptação de datas da Série dos 7? Por que ele tem dificuldade de ver as trombetas durante a Era Cristã? Será que a profecia seguirá perfeitamente um esquema humano, ou seguirá o seu próprio esquema, indicado nas profecias de Daniel? Ele vacila na regra de número 1, que adverte quanto a interpretar a profecia dos hebreus orientais com os óculos ocidentais. Ao interpretar as profecias, temos que deixar o perfeccionismo grego, a fim de entender o pensamento hebraico e escutar o que Deus diz em Sua Palavra.

Seguindo o seu método de repetição/ampliação, não temos mais nenhuma dúvida do seu exato cumprimento, ainda mais porque foi confirmado pelos escritos de E. G. White. Basta ler em O Grande Conflito, páginas 334-335, onde ela confirma as Trombetas em suas datas exatas, até 11 de agosto de 1840. Mas as 7 Pragas, ela as posiciona no fim do Tempo do Fim, nas páginas 628-629, num contexto da ira de Deus sobre um mundo impenitente, em imensas calamidades destruidoras.

E aqui, é bom lembrar que “trombetas são símbolos de guerras” (Jer 4:19; Apo 9:7,9), não de filosofias, como disse o Dr. Gerhard Hasel para o Dr. Alberto Treyer, ao saírem de uma discussão teológica sobre as Trombetas do Apocalipse, em que alguns estavam querendo sustentar a ideia de Iluminismo, etc.

Mas então, quando devem começar as Trombetas? Não começam com Jerusalém, que foi destruída, na era primitiva, como afirmaram o Dr. Edwin Thiele e seus seguidores? Não. As Trombetas começam não contra Israel, porque os juízos contra o povo judeu se cumprem nas palavras de Cristo em Lucas 21: 24, “até que os tempos dos gentios se completem.”  Eles não foram esquecidos, assim como tantas outas nações que são castigadas à parte das guerras das Trombetas. Mas o foco de Daniel e Apocalipse, e a grande preocupação dos cristãos de todos os tempos era Roma [Apo 1:9; 6:10]. E ainda continua. Esta interpretação conserva intactas as datas que já foram confirmadas pelo Espírito de Profecia [O Grande Conflito, pp. 334-335]

Seguindo o esboço de Daniel 2, confirmado e ampliado em Dan 11, Roma deve continuar perseguindo o povo de Deus desde o tempo dos apóstolos até a destruição final. Portanto, as Trombetas começam nessa época e terminam na consumação final. Quando os cristãos sofriam a perseguição nos dias primitivos, o clamor era muito grande [Apo 6:9-10]. Muitos estavam a ponto de deixar o Cristianismo, desistir de sua fé, diante de tanta pressão. Então, o apóstolo de Patmos (Apo 1:9) recebeu a Revelação divina, e escreveu o Apocalipse. Era a consolação de Deus para um povo massacrado, perseguido e violentado. Era a promessa de que não seria a conversão de Roma, que era esperada, mas a sua destruição que estava predito em Daniel [Dan 2:44-45; 11:45].

7º ERRO: “A terra será destruída na sua ‘terça parte’, e isso jamais aconteceu no passado. É algo futuro.”

As 4 primeiras Trombetas começam dizendo que a “terça parte” será destruída (V. 7,8-9,10,12; idem 9:15). Daí, o nosso oponente julga que isso se refere ao futuro do mundo, porque jamais aconteceu no passado.

Ora, esse é mais outro erro crasso, porque a linguagem da “terça parte” é simbólica de uma grande parte da terra, mas não a sua totalidade, na localização de Roma, na Europa Ocidental, inicialmente, a partir do IV Século. Mas Samuel Ramos diz que isso jamais aconteceu no passado e vai acontecer no futuro. Ora, se a linguagem deve ser interpretada como algo literal, então, o erro é maior ainda, porque no final dos tempos, não será destruída só a terça parte, mas TODA A TERRA SERÁ DESTRUÍDA, com as 7 Pragas [Apo 15-16].

As 4 primeiras Trombetas atingem a “3ª parte” de Roma local, simbolicamente.  As 7 Pragas: Atingem todo o globo, literalmente, não uma pequena parte.  

 

1ª Praga. Apo 16:1-2. “Derramai pela TERRA.” Aos homens portadores da marca da besta. Não diz que será destruída a terça parte, mas toda a terra será atingida.

2ª Praga. Apo 16:3: “morreu todo o ser vivente do mar”, não a terça parte.

3ª Praga. Apo 16:4: Rios e fontes de águas se tornam em sangue, não a terça parte deles.

4ª Praga. Apo 16: 8. Os homens foram queimados, não a terça parte deles. É muito mais no futuro do que aquilo que aconteceu na destruição realizada pelos bárbaros, árabes e turcos, no passado.

5ª Praga. Apo 16:10-11. Os homens estão em angústia, não a terça parte deles.

6ª Praga. Apo 16:12. Todo o rio Eufrates recebe a praga, não a terça parte dele, na batalha do Armagedom, quando todos os ímpios serão destruídos e não a terça parte deles.

7ª Praga. Apo 16: 17. O ar será atingido pela 7ª praga, não apenas a terça parte. O maior terremoto do mundo ainda está no porvir.Todas as cidades das nações cairão. Todas as ilhas fugiram”, não a terça pare delas. Etc, e etc…

Portanto, mesmo que as Pragas não sejam universais em sua destruição (Grande Conflito, 628:3), serão universais em seu alcance. Desse modo, se durante as Trombetas vemos a terça parte sendo destruída, vemos o alcance universal das 7 Pragas. Portanto, a aplicação se refere a um tempo diferente para ambas as profecias.

Considere, finalmente, as milhões de pessoas mortas em guerras e invasão de cidades, e você verá na História que a destruição da “terça parte” naquele tempo de menor população, as queimadas na natureza, as embarcações incendiadas, o sangue derramado de milhões realmente aconteceu. Veja os dados históricos, em uma boa Enciclopédia ou um livro de História Medieval, e busque por povos bárbaros, visigodos, vândalos e hunos. Ou veja tudo na internet e visite o Google. É muito temerário dizer que nada disso aconteceu. No mínimo, revela uma falta de conhecimento histórico, ou um desejo de que não tenha acontecido para que a minha teoria seja mais válida.

8º ERRO: “A sequência está na Bíblia: Após o 7º Selo, vem as 7 trombetas.”

Parece muito atrativo esse tipo de raciocínio, mas é muito superficial. Não se faz uma análise profunda do livro, em seu contexto mediato e imediato, em todo o livro. A questão da sequência da cadeia de Profecias dos 7 Selos seguindo as 7 Igrejas, e as Trombetas seguindo os 7 Selos é um erro.

Muitos estão seguindo a interpretação de certas “Bíblias de Estudo”, que têm ajudado em certo sentido, mas, por outro influenciado erroneamente a muitos sinceros pesquisadores da verdade.

A “Bíblia Anotada”, de 1991, tem o seguinte comentário numa nota de rodapé: “Apo 8:1 abriu o sétimo selo. Com o abrir do sétimo selo, vem a segunda série de julgamentos – as sete trombetas. Aparentemente, os julgamentos anunciados pelas Trombetas seguem cronologicamente os dos Selos.” [Bíblia Anotada, ed. 1991, Charles C. Ryrie, Th.D., Ph.D., página  1598]. Ainda bem que o Dr. Ryrie foi honesto e usou uma linguagem de teólogos dando margem à dúvida e à pesquisa, quando disse que isso era “aparentemente.” Pois pesquisando um pouco mais, você chegará à conclusão de que esta afirmação é apenas aparente mesmo, não a pura verdade.

Alguns eruditos estão dizendo que as cadeias da Série de 7 são uma cronologia, não uma justaposição ao tempo da Era Cristã. Dizem que as 7 Igrejas são seguidas pelos 7 Selos, os 7 Selos seguidos pelas Trombetas e estas são seguidas pelas 7 Pragas. Parece muito bonita e atraente esta interpretação, mas não condiz com a verdade dos fatos.

Samuel Ramos prega pela internet muito insistentemente esse esboço, no qual as Trombetas seguem os Selos, e, como os Selos acabam na Volta de Cristo, ele coloca as Trombetas não no passado, mas no futuro, seguindo o 7º Selo, como juízos de Satanás, permitidos por Deus. As Pragas seriam os Juízos de Deus diretamente.

Mas a simples leitura de Apo 8-9 e 15-16 indicam que as Trombetas e as Pragas são ações divinas de juízos. Não ações divididas com Satanás, embora Deus permita algumas ações diabólicas, ao retirar a proteção do Seu Espírito. Mas ainda são ações de Deus porque o que Deus permite, é contado como ação dEle. Ele não tem parceria com o Seu inimigo. “Deus não faz coisa alguma de parceria com Satanás.” [E. G. White, Testemunhos Seletos, v. II, p. 286] “Ele não trabalhará de parceria com Satanás” [Fundamentos da Ed. Cristã, p. 464]. “Deus e Satanás jamais trabalham em parceria” [T. Sel. Vol. II, p. 26].

Muitos estão sendo desencaminhados, perdendo o esboço dos pioneiros, incluindo as claras afirmações de EGW, sobre Apo 6, no Grande Conflito, pp. 304, 333-334, além de sua explanação do cumprimento de datas das Trombetas (pp. 334-335).

 

INTERPRETAÇÃO DO TEXTO DE APO 8:1-2

Como entender o texto das 7 Trombetas? Quando realmente começam?

Lemos em Apo 8:1-2: “Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora. Então, vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus e lhes foram dadas sete trombetas.”

Qual é o significado destes 2 versos unidos? Será que a palavra “Então” está bem colocada para se referir a um acontecimento cronológico, que logo segue os acontecimentos do verso anterior (Apo 8:1)? Ou será que há um problema de tradução?

De fato, a palavra “Então” dá a impressão de continuidade na cronologia dos acontecimentos dos 7 Selos. Mas, é isso exatamente o que diz o original?

dois problemas aqui, os quais deram origem a esta  interpretação equivocada:

Primeira razão para mal interpretar o texto. O problema é de tradução mesmo. A palavra “kai” do original grego, de onde foi traduzido “Então”, na realidade tem vários significados. De acordo com o Dicionário Grego de Strong, “kai” significa “E”, entre outras possibilidades, como: “E, também, mesmo, assim, (e por último🙂 então”. Note que a maioria das traduções verte a palavra aqui em Apo 8:2, como: “E” (E vi…). Por quê? Porque este é o primeiro e básico significado da palavra “kai”. A palavra “Então” dá um sentido adverso que o original não tem. Dá uma impressão de continuidade dos acontecimentos anteriores, quando aqui, o apóstolo não se refere a uma cronologia após ou dentro do sétimo Selo. O sétimo Selo termina no V. 1, e o verso 2 começa a nova cadeia profética das 7 Trombetas.

Então, vem a segunda razão da má interpretação: Houve um problema na posição do capítulo 8. Sabemos que a divisão da Bíblia em capítulos e versículos não faz parte da inspiração dela. Foi acrescentada por Stephen Langton e Robert Stephane (1.553 d.C.). Houve um problema de colocação indevida das palavras do capítulo 8: 1 que pertencem naturalmente ao capítulo 6, mas que precisou ser interrompido pelo capítulo 7 (explicando o que é o Selamento final), mas que, terminado o parêntesis, ainda deveria pertencer ao capítulo 7, no final. Então, teríamos em Apo 7:18, o conteúdo de Apo 8:1, com o título que a tradução Almeida Atualizada deu: “O Sétimo Selo”. Se isto tivesse sido feito desta maneira correta, haveria alguma dúvida? Certamente não, assim como não há dúvida sobre a colocação das cartas, em Apo 2-3.

Vejamos como ficaria, se fosse seguida a realidade do texto:

Apo 7:17: pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima. ] (Termina o parêntesis)

O Sétimo Selo

Apo 7:18 Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora.

 

As Sete Trombetas

8 E vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas.

2 Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono;

3 e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos.

 

Mas, se este é o ideal, e não podemos chegar ao ideal, porque não podemos mudar a disposição dos versículos,  então, pelo menos, podemos colocar um título, antes do 7º Selo, no cap. 8:1. Este é o meu apelo à Sociedade Bíblica do Brasil. Não achei nenhuma Bíblia com esta divisão que é a mais natural possível. Veja como ficaria:

Apo 7:17: pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.

O Sétimo Selo

8 Quando o Cordeiro abriu o sétimo selo, houve silêncio no céu cerca de meia hora.

 

As Sete Trombetas

2 E vi os sete anjos que se acham em pé diante de Deus, e lhes foram dadas sete trombetas.

3 Veio outro anjo e ficou de pé junto ao altar, com um incensário de ouro, e foi-lhe dado muito incenso para oferecê-lo com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que se acha diante do trono;

4 e da mão do anjo subiu à presença de Deus a fumaça do incenso, com as orações dos santos.

Uma disposição correta dos títulos da Bíblia leva a uma interpretação correta. E a recíproca também é verdadeira. Apenas uma sugestão equivocada pode levar a muitos esque-mas incorretos de interpretação.

Apo 8:2-6 é apenas uma Introdução às Trombetas, independente do 7º Selo, que terminou no v. 1. Trata da Volta de Cristo quando se fará silêncio no Céu, por falta de anjos para louvar no Céu, por 7 dias (Mat 25:31).

Por que 7 dias? Como calcular 1 hora profética, baseada em 1 dia profético?

1 hora = 1 dia (profético)/24= 360/24= 15 dias.

½ hora = 15 dias/2= 7dias e meia hora.

Quase meia hora = 7 dias exatos.

Ellen White diz que vamos subir ao Céu e demorar apenas 7 dias na viagem: “Todos nós entramos na nuvem e estivemos por 7 dias ascendendo para o mar de vidro aonde Jesus trouxe as coroas…”  (Primeiros Escritos, p. 16.).

Mas, para termos uma visão mais clara do Apocalipse, precisamos entender a sua Estrutura Geral. O Apocalipse está dividido em 7 Cenas. Cada nova visão está antecipada por uma introdução.

ESTRUTURA DO APOCALIPSE EM 7 CENAS

[Por Dr. Josué Gajardo, adaptado por Pr. Roberto Biagini]

Prólogo (1:1-8)

  1. Cena Introdutória (1:9-20)

As Sete Iglesias (2:1-3:22)

  1. Cena Introdutória (4:1-5:14)

Os Sete Selos (6:1-8:1)

  1. Cena Introdutória (8:2-6)

As Sete Trombetas (8:7-11:18)

  1. Cena Introdutória (11:19)

O Grande Conflito (12:1-14:20)

  1. Cena Introdutória (15:1-8)

A Ira de Deus (16:1-18:24)

  1. Cena Introdutória (19:1-10))

O Juízo Final (19:11-20:15)

  1. Cena Introdutória (21:1-8)

A Nova Jerusalém (21:9-22:5)

Epílogo (22:6-21)

Esta estrutura é clara e nos dá uma compreensão mais real. Ora, se todas as cenas possuem uma clara introdução, e as Trombetas também possuem introdução, onde está a sua introdução? É claro que se encontra nos versículos 2-6 [Apo 8], anteriores ao início das 7 Trombetas. Esta compreensão desfaz qualquer interpretação equivocada que coloca as Trombetas dentro do 7º Selo, que já termina em Apo 8:1. O assunto cessa. Depois dos Selos, há uma nova introdução que focaliza as 7  Trombetas que começam em Apo 8:7.

Independentemente do 7º Selo. Claro como cristal. É simples assim.

9º ERRO: “É lógico que após Cristo lançar o incensário, em seguida, seguem as Trombetas. A sequência está na Bíblia.”

Samuel Ramos está se referindo a Apo 8:5, onde lemos que o Anjo lançou o incensário à terra, cheio do fogo do altar. “E houve trovões, vozes, relâmpagos e terremoto.” O que isso significa? Significa que após a Intercessão de Cristo no altar do Santuário Celestial, Ele começa os juízos contra os ímpios. Significa o Fechamento da Porta da graça. Isso diz E.G.White [Primeiros Escritos, páginas 279-280]. Cessa a oportunidade de salvação.

Então, diz Samuel Ramos: Não está claro? Logo após o fechamento da Porta da graça, começam as Trombetas, já no verso seguinte (Apo 8:6). É a sequência que está na Bíblia, diz.

Mas este é mais um engano que segue uma leitura superficial, sem consideração sequer do contexto imediato, além de desconhecer várias regras de interpretação do Apocalipse.

  1. Significado de uma Introdução. Já vimos que os vs. 2-6 são uma clara introdução às Trombetas. Uma introdução não tem a finalidade de ser seguida cronologicamente pelo conteú-do que introduz. Pelo contrário, o conteúdo começa pelo primeiro item da introdução, não pelo último. Por exemplo: Você introduz o seu sermão dizendo que ele está dividido em 7 partes, antecipando as coisas que você tem a pregar no sermão. O que você faz a seguir? Começa na 7ª parte? Ou desenvolve o conteúdo a partir da 1ª parte, depois passa para a 2ª, vai à 3ª, até a última parte anunciada na introdução? É claro que a introdução é apenas uma introdução, não é o conteúdo.

Em Apo 8:2-6, temos uma Introdução que

[1] fala da visão das 7 Trombetas (V. 2), que é o tema que vem a seguir, após a visão dos 7 Selos, que termina em 8:1;

[2] fala da Intercessão de Cristo durante a qual se cumprem as Trombetas, em tempo de graça (v. 3-4), e

[3] fala do fim da Intercessão quando se concluirão as 7 trombetas (V. 5), no final da sétima trombeta (Apo 11:19).

E novamente,

[4] a visão dos 7 anjos que se preparam para tocar (V. 6).

A primeira regra de interpretação do Apocalipse diz que devemos considerar os quiasmos e poesias. Quiasmo é uma palavra que vem da pronúncia da letra X em grego. Nos quiasmos da Bíblia, vemos como certas frases são colocadas em transversal, em uma forma exclusivamente hebraica de poesia. Vemos esse quiasma em Apo 8:2-6. Note:

Quiasma de Apo 8:2-6

  1. 7 anjos recebem 7 trombetas. (V. 2)
  2. Anjo usa o incensário. (V. 3-4).

  B’. Anjo lança o incensário. (V. 5).

A’. 7 anjos se preparam p/ tocar as 7 trombetas (V. 6)

 

Os quiasmas que pertencem à literatura e poesia hebraica são utilizados em toda a Bíblia a fim de esclarecer o sentido com paralelismos e tornar mais atrativa e solene a linguagem. Nesse caso, o paralelismo é quiástico, porque está em forma de X: no centro e nas extremidades temos 2 conteúdos em forma de paralelo, em semelhança.

Tudo isso é apenas uma introdução. A seguir, vem o conteúdo que começa com a 1ª trombeta (8:7), e vai até a 7ª, em cujo final, de acordo com a introdução, termina o tempo de graça, e culmina com o estabelecimento do reino de Cristo em glória (Apo 11:15-19). E termina como foi prometido na introdução, com “relâmpagos, vozes, trovões e terremoto”, símbolos dos Juízos das 7 Pragas que logo a seguir serão derramadas sobre a Terra (Apo 8:5; 11:19; 16). Nada antes, nada depois. É uma visão iniciada e terminada. É uma introdução apenas, não uma sequência. Não são “profecias sequenciais”, como ele diz.

  1. As 7 Regras do Apocalipse. Pr. Samuel desconsiderou a regra de nº 1, que adverte sobre o Clímax. Este é um método muito usado no pensamento hebreu: Primeiro vem o Clímax, depois o conteúdo que justifica o Clímax. Primeiro vem o principal; depois vem o desdobramento. Por exemplo: Em Apo 14, temos um clímax da visão dos 144.000 no Céu (Apo 14:1-5); depois, na terra, o desenvolvimento de como eles chegaram lá (Apo 14:6-16).

Este é um método muito interessante. Os hebreus ao contar uma história faziam o que detestamos: “Não me conta o final, porque perde a graça!” Mas, não é interessante que Deus nos conta primeiro o melhor e depois, animados com o melhor, temos forças para seguir pelo caminho com mais forças? Os cristãos estavam sendo perseguidos (Apo 2:9); então, Deus os anima com a certeza de que havia 7 anjos enviados com 7 trombetas, anunciadoras de guerras contra os seus inimigos (Apo 8:2). Mas, enquanto isso, eles seriam confortados porque Cristo estaria intercedendo por eles (Apo 8:3-4), e que ao final, os seus perseguidores seriam destruídos completamente (8:5). Este é o clímax. Mas, como seria feito tudo isso? Então, o v. 6 e seguintes mostram como seria o desenrolar das 7 Trombetas. Depois de narrar o clímax e a certeza da vitória, João nos conta toda a história, desde o início, no tempo da Era Cristã.

Em Apo 15:2-4, também temos um clímax bem interessante. Os remidos são encontrados no Céu, no mar de vidro, entoando o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro. Já se encontram salvos, garantidos, têm a vitória final. Mas eis que nos versos 5-8, Deus envia as Pragas. Ora, se fôssemos seguir o raciocínio de Samuel Ramos, “a sequência está na Bíblia”, e portanto, os justos deveriam baixar à Terra, e sofrer o tempo das Pragas, sendo derramadas sobre os ímpios e eles a sofrer a angústia de Jacó.

Note o quiasma semelhante ao de Apo 8:2-6, em Apo 15.

  1. 7 anjos recebem as 7 taças. (15:1).
  2. Justos no Céu. Mar de vidro. (15:2-4).

  B’. Anjos no Céu. Santuário celestial. (15: 5-7).

A’. 7 anjos preparados com 7 flagelos. (15:8).

Aqui novamente, temos a solenidade, a ênfase, e a beleza da poesia hebraica, além de ser mais didático para a compreensão.

Assim como em Apo 14 e 15 temos um clímax, também em Apocalipse 8:2-6: Primeiro o clímax da Intercessão e o fechamento da Porta da graça. Depois, se desdobra como isso acontecerá para os ímpios. Mas antes de tudo, Deus dá a segurança para os crentes de que Cristo está intercedendo por nós, e que os ímpios perseguidores romanos receberão o seu devido castigo pelas guerras das Trombetas.

Com os Selos acontece a mesma coisa: Primeiro, temos uma introdução em forma de Clímax: Os capítulos 4 e 5 oferecem o Clímax: O Juízo no Céu, que traz a mensagem à Igreja perseguida, de que Deus tem tudo sob Seu controle, e que Cristo já morreu e garantiu a nossa salvação, e que o nosso nome está escrito no Livro do Destino. Depois desse maravilhoso clímax, para animar e confortar os fiéis cristãos, vemos os 7 Selos e como a Igreja foi perseguida, e como clamam por justiça (Apo 6:9-10). Então, as Trombetas são a resposta de Deus ao Clamor dos mártires. Nada de colocar isso no futuro, porque a maior parte já se cumpriu no passado, e os sinais e datas de Apo 6: 12-13 já foram verificadas no decurso da História.

Estamos vivendo entre os versos 13-14 (Apo 6). Já ocorreu o terremoto de Lisboa a 1º de novembro de 1775 [GC,304, cita  Apo 6:12]. Já é histórico o Escurecimento do Sol e da Lua, ocorridos a 19/05/1780 [GC,306,308]; a queda das estrelas já aconteceu a 13/nov./1833 [GC,333, cita Apo 6:13]. Falta se cumprir o v. 14, quando o céu se recolhe como pergaminho, montes e ilhas são movidos de seus lugares, virão as 7 Pragas, etc. Todos estes sinais estão claros no Grande Conflito, pp. 304, 306, 308, 333, em cumprimento do 6º Selo. Ellen G. White está citando Apo 6:12-13, e falando dos acontecimentos dos 7 Selos. Como o Samuel não pode ver isto, já que cita tanto esse livro? Como pode colocar tudo isso para o futuro? Há muitas profecias que se cumprirão no futuro; mas não precisamos adicionar também as profecias que já se cumpriram no passado, para que pudéssemos nortear o futuro.

Enfim, Samuel também quebra a regra nº 2, no tópico da estrutura do Apocalipse. Se não observamos a sua estrutura, aqui, a mais simples, de uma clara introdução, erramos na interpretação. Se desconsiderarmos a regra de nº 5, também erramos. Fala do Período Histórico de Apo 1-11. Os capítulos 12-14 estão no centro do livro, e falam especialmente do Grande Conflito. Então, os cap. 15-22 que tratam da Consumação Final, retomando as Cenas do Fim, tratando das Profecias Escatológicas.

O erro está em colocar profecias que pertencem ao 1º grupo dos cap. 1-11 [Igrejas, Selos e Trombetas] justamente no 3º grupo Escatológico. Se fizermos isso, desconsideramos a regra 3 que trata do contexto. Se colocamos Selos e Trombetas após o fechamento da Porta da graça, estamos avançando para o cap. 15-16, fora do contexto. Somente em Apo 15:8 é que o profeta começa a falar em visões do fechamento da Porta da graça, embora em 8:5, haja uma previsão, mas que anuncia o fechamento após a 7ª Trombeta, como vimos acima.

Até aqui havia oportunidade de salvação: nos Selos (Apo 6:11; 7:3) e nas Trombetas (8:3-4; 9:13,20-21). A ordem é colocar as Trombetas (Apo 8:2-11:19) antes de 15-16, que trata das 7 Pragas, que só ocorrem após as Trombetas. Só assim haverá uma harmonia de estrutura. Os cap. 12-14 estão no centro do quiasma estrutural do Apocalipse, delimitando a parte Histórica [Apo 1-11] da parte Escatológica [15-22]. Errar na estrutura é errar na interpretação. Podemos até ser doutores, mas se desconsideramos as regras, vamos errar. Isso acontece com os eruditos dentre os Protestantes. Muita cultura, pouco acerto.

E finalmente, está o erro de passar despercebida a regra 9, que nos ensina a observar o esboço de Daniel no sentido da repetição e ampliação. Assim como em Daniel, há uma repetição e ampliação de profecias, imagens e símbolos, isso também ocorre em Apocalipse. As Cartas para as 7 Igrejas possuem um conteúdo que é repetido nos Selos, repetindo os períodos, as experiências em diferentes símbolos e ampliando o seu significado. E os Selos se refletem nas Trombetas, ao vermos os juízos de Deus contra o Império Romano opressor dos cristãos, que clamavam por justiça (Apo 6:9-10). Repetição é a chave para a memorização e aprendizado. Ampliação é a chave para fixação de novas descobertas. Realmente, não há como o método divino para transmitir Sua palavra.

10º ERRO: “As Trombetas acontecerão no futuro, porque Ellen White disse isso: ‘trombeta após trombetas soará’. E isso é futuro. É uma linguagem clara.”

Pr. Samuel Ramos se refere ao texto de Mensagens Escolhidas vol. 3, p. 426: “Soará uma trombeta após a outra. Uma taça após a outra será derramada…” Então, ele diz: “Está claro. Não podia ser mais claro. As trombetas ainda soarão, não no passado, mas no futuro.”

Este é outro erro porque ele tomou uma declaração em que Ellen White falou de um modo muito geral e abarcante, mas não estava especificando que tipo de trombetas estarão soando. Ela está usando uma linguagem figurada para trombetas, anunciando as Pragas. O mesmo faz o Apocalipse quando chama as trombetas de pragas ou flagelos em Apo 9:20. Ora, se João podia chamar trombetas de pragas, por que Ellen White não podia chamar pragas de trombetas? Mas nesse texto, João não está confundindo trombetas com pragas; apenas usa o termo para confirmar que as Trombetas seriam juízos severos sobre os ímpios. Do mesmo modo, Ellen White não está confundindo pragas com trombetas. Apenas está dizendo que as pragas serão como foram as trombetas: Juízos de Deus ainda mais severos, porque agora serão mundiais, e não locais, como foram as Trombetas.

Ellen White não está aqui mencionando uma sequência exata dos acontecimentos futuros, mas de um modo geral fala de momentosos acontecimentos futuros, em uma linguagem genérica, nada específica.

Observe o título que consta, antes da declaração. No livro Mensagens Escolhidas (vol. 3, p. 426), o título é: “Cristo Se une às fileiras no Último Conflito”. Note que se fosse verdade a conclusão de Samuel, o título deveria ser pelo menos algo como: “A Cronologia das Trombetas, Após os Selos.” Mas isso nunca passou pela mente de Ellen White, porque nunca disse isso. A seguir vem suas considerações sobre o Armagedom, mas não define nada sobre a que tipo de trombetas se refere, nesta simples afirmação geral. Lembre-se de que você nunca deve tirar uma doutrina de uma só afirmação e muito menos, se ela for obscura, diante do contexto de muitos outros livros.

A mesma declaração aparece em Eventos Finais, p. 147:1 (cap. 17). E qual é o título do capítulo? É este: “As Sete Pragas e os Ímpios.” Não está falando das 7 Trombetas. Está falando das 7 Últimas Pragas do futuro. Mas, se a informação é insuficiente ainda, quando temos necessidade de saber mais, vamos a outras fontes. Não se esqueça de examinar os contextos não só de um livro, mas de outros que falam do mesmo assunto.

Então, se queremos saber dos contextos, em que se encontram as Trombetas e as Pragas, devemos folhear o livro Grande Conflito, que não foi escrito em forma de compilação, mas é um livro completo e analisa os acontecimentos passados, presentes e futuros, a partir da Destruição de Jerusalém até a Destruição do mundo, em sua sequência exata e com o devido propósito.

Ellen White fala das Trombetas como estando sendo cumpridas no seu próprio tempo, e daí para diante (Ver O Grande Conflito, p. 334-335). Ali se encontra a 6ª trombeta, se cumprindo até 11 de agosto de 1840, delimitando o tempo. Ela deu inteiro apoio à interpretação de Josias Litch.

Disse o Pr. Litch: “…os 391 anos e quinze dias, [de Apo 9:15] começaram no final do primeiro período, terminará no dia 11 de agosto de 1840, … abatido o poderio otomano em Constantinopla.” Disse E.G.White: “O acontecimento cumpriu exatamente a predição.” [Grande Conflito, p. 335#2]. Ela ainda falou que este foi “um notável cumprimento da profecia” [GC, p. 334(#5)]. Ela falou disso como uma demonstração da “exatidão dos princípios de interpretação profética” (GC, p. 335#2). Grave bem isto: Existem princípios de interpretação profética exatos, que se forem desconsiderados, erramos na compreensão. Por que o Pr. Samuel Ramos não falou disso?

Portanto, as Trombetas não estão no Futuro, mas estão se cumprindo, sendo a 7ª Trombeta desde 1844, e agora já em sua fase final, até a Volta de Cristo.

11º ERRO: “A Lição da Escola Sabatina de 1989 leva os membros da Igreja a pensarem nos Selos como uma profecia que vem na sequência da Igreja de Laodiceia, e as Trombetas em sequência aos Selos.”

Estas palavras são contrárias ao que ele mesmo disse na abertura de seu site: “A Lição apresenta uma interpretação historicista dos 7 Selos e das 7 Trombetas”. Estas palavras foram ditas antes de ele dizer as palavras de cima. No entanto, se isso é verdade, então, ele está se contradizendo e deixando a coerência de lado.

Ora, se a interpretação da Lição é historicista, então, não pode ser futurista, como é o caso dele, que segue o Futurismo, contrariamente ao que diz a Igreja, baseada nos termos do Espírito de Profecia.

A Lição, realmente, apresenta o método historicista de interpretação, nas páginas 85-103 (Lição 1989 Apocalipse 1ª Parte), colocando os 7 Selos na História, desde os dias apostólicos até a Volta de Cristo. Na página 125 da mesma lição, J.J. Battistone, o autor, apresenta as Trombetas desse modo: “As 7 Trombetas Assinalam o Colapso (a Queda) do Império Romano”, destacando o método historicista de interpretação, “o conceito tradicional adventista”, como diz.

Mas isso, Samuel Ramos desconsidera e deixa de citar, e abandona completamente o método historicista que ele quer mostrar que aprecia, mas não segue, e descamba para o Futurismo. De fato, o método historicista é a joia das joias que Deus deu para a Igreja adventista interpretar corretamente as profecias e se distinguir das outras igrejas futuristas e preteristas cujos teólogos  que estão sem rumo.

7 TROMBETAS: Lição da Esc. Sabatina, 1989, 1ª Parte, p. 125

31 de Maio, Quarta.

Lição 10

  1. As Primeiras Quatro Trombetas (Apoc. 8:7-13).

O conceito tradicional adventista. As trombetas abrangem a história da Era Cristã, como fazem as sete igrejas (Apoc. 2 e 3), mas de uma pers­pectiva diferente. As trombetas são interpretadas como os acontecimen­tos na História que tiveram influência sobre a história da Igreja, (Ver Uriah Smith, As Profecias do Apocalipse, págs. 123-182; W. A. Spicer, Beacon Lights of Prophecy, págs. 215-267; Roy Allan Anderson, O Apocalipse Re­velado, págs. 97-127.)

Sete Trombetas Assinalam o Colapso do Império Romano

1) Invasão gótica do Império Romano do Ocidente (“a terça parte”) (410 A.D.).

2) Os vândalos atacam a Roma pelo mar, destruindo a frota romana pelo fogo (455 A.D.).

3) Roma é atacada pelos hunos, sob a liderança de Átila (quinto século).

4) O governo romano é destruído sucessivamente: primeiro os impe­radores, depois os senadores e então os cônsules (quinto e sexto século).

5) Os sarracenos (forças islamíticas) invadiram a parte oriental do Im­pério Romano (sétimo século).

6) Tropas turcas destroem o Império Romano Oriental (séculos cator­ze e quinze).

7)  O fim do mundo.

Este conceito das trombetas se concentra na História como palco da ira de Deus. O Império Romano é destacado como objeto da ira divina por causa do papel que Roma desempe-nhou na perseguição do povo de Deus e na supressão de Sua Palavra. Tal conceito é compatível com a interpretação profé-tica da História … [Página 125]

12º ERRO: “A Lição da Esc. Sabatina de 1989 abriu o meu entendimento para interpretar o Apocalipse desta maneira, de modo a ver uma sequência após as Cartas, nos Selos e nas Trombetas cronologicamente.”

Ora, lemos nas páginas 72-73 da Lição (1ª Parte) apenas a declaração não do autor da Lição, mas do Comentário Bíblico  Adventista, que expõe “outra opinião” seguida por alguns. De fato, a função de nosso Comentário nem sempre é se posicionar, em todos os pontos controversos, mas apresentar sugestões para deixar livre o leitor. No entanto, a Lição não dá a entender que ela mesma segue essa opinião sugerida pelo Comentário.

Portanto, Samuel Ramos se iludiu ingenuamente, como se a Igreja estivesse dando abertura para o Futurismo. Mas o pior de tudo não é só crer nisso, mas ensinar e pregar isso abertamente como se fosse verdade, iludindo a uma “grande multidão” de simpatizantes, pessoas desavisadas do erro. O resultado será para muitos a desconfiança dos líderes da Igreja e o desrespeito aos seus dedicados teólogos, o esfriamento da fé, e a negação dos santos dízimos e ofertas. Outros descambam para diferentes “ramos” dissidentes, em busca da verdade. Alguns abandonam as fileiras da Igreja, insatisfeitos, e são vencidos pelas tentações do mundo.

Dr. Ramos, autor dessas colocações (em vermelho), se quer citar a Lição da Escola Sabatina de 1989 abundantemente, como faz, em defesa das novas crenças, para ser mais exato, deveria expor claramente o ensino mais amplo da Lição, o que haveria de expor a falácia de suas novas “revelações”.

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