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RESPOSTAS AO DR. SAMUEL RAMOS – (Parte 3)

III – OS PERÍODOS DE 1260, 1290 E 1335

3º ERRO: “Os períodos de 1260, 1290 e 1335, de Daniel 12 devem ser interpretados literalmente, e se cumprirão após o Decreto Dominical.“

Pr. Samuel Ramos está seguindo o pensamento de um livro, que tem o título desses períodos, que se espalhou entre os adventistas, mas que não tem o apoio da nossa Teologia.

Desde o tempo dos pioneiros, o surgimento da Igreja adventista no mundo se deu por causa de um princípio chamado de dia/ano, em que os períodos proféticos de Daniel e Apocalipse são interpretados simbolicamente. Então, a partir daí, sabemos que em 22 de outubro de 1844, começou o Juízo Investigativo no Céu, e na Terra, nasceu a Igreja Adventista.

Não há nenhuma indicação nas passagens de Dan 12 que possa fortalecer a ideia de que esses períodos devam ser interpretados literalmente. Não há nenhuma indicação de que períodos simbólicos possam ser usados literalmente. Também não há nenhuma indicação de que esse capítulo deva ser interpretado baseado no Decreto Dominical.

O erro está baseado em especulação sem nenhuma base bíblica. Não se iluda com expressões como: “É o que a Bíblia diz”, quando a Bíblia não está dizendo; quem diz é o pregador. Ou: “Poderia ser mais claro?”, quando na realidade não está claro. É apenas mais uma invenção do pregador, que já falhou em muitas afirmações.

Interpretar um período profético como simbólico num lugar e como literal noutro, é incoerência. Se há uma aplicação simbólica do dia/ano, não haverá outra aplicação como literal do mesmo período. O texto decide se será literal ou simbólico. Mas nunca o mesmo período será simbólico num lugar e literal noutro.

Mas ele diria: “Não há profecias com dupla aplicação?” De fato, pode haver profecias com dupla aplicação, mas há uma regra: “Sempre que uma profecia tiver alguma segunda aplicação, isto será feito por outro profeta inspirado.” Há inúmeros exemplos disso na Bíblia. No Sal 2:7, lemos: “Tu és  Meu Filho, Eu hoje te gerei.” O salmista Davi tinha em mente o Reinado do Messias. Paulo, inspirado por Deus, aplicou o texto para provar a Ressurreição de Cristo (Atos 13:33) e mais tarde, com o mesmo texto, prova que Jesus é Filho de Deus (Heb 1:5),  superior dos anjos. E, numa terceira aplicação, diz que o texto prova o sacerdócio de Cristo em Heb 5:5. Mas ele pode por ser inspirado.

Em Isa 7:14, lemos de uma profecia aplicada aos dias de Acaz; entretanto, Mateus a aplica ao nascimento de Cristo (Mat 1:23). O Sal 22 é um salmo de Davi, aplicado em suas tribulações, mas foi aplicado ao Messias, em muitos textos. Mas os apóstolos podiam fazer estas aplicações proféticas, por serem inspirados por Deus.

Ellen White tomou alguns textos bíblicos e fez diferentes aplicações. Em 1Cor 2:9, Paulo diz que o texto de Isa 64:4, que exalta a Deus, se refere ao Evangelho. Ele pode fazer isso. Ellen G. White diz que se refere ao Céu (GC, 675). Ela pode, mas nós não temos autoridade para tomar uma profecia e fazer dela uma outra profecia, em uma segunda aplicação. Não temos a autoridade de aplicar um período simbólico que já se cumpriu no passado para figurar como literal, em outro tempo. Nem Ellen White jamais fez isto, porque seria incoerência.

Mas, o que muitos ainda não perceberam é a sutileza da pergunta: “Não há profecias com dupla aplicação?” Embora, como vimos acima, os profetas inspirados canônicos e Ellen White fizeram duplas aplicações uns dos outros, lemos esta colocação: “Estudai o Apocalipse em relação com Daniel; pois a História se repetirá.” [Testemunhos para Ministros, p. 116#3]. A grande ênfase está na História, não na profecia. Não são as profecias de Daniel e Apocalipse que se repetirão. É a História, em cumprimento às profecias já feitas, que se repetirão.

Neste ponto, o Pr. Samuel esqueceu da regra de número 6, que nos lembra o fato da repetição e ampliação, muito comum nos livros de Daniel e Apocalipse. Em Daniel 12, o profeta ouve as últimas palavras proféticas com referência aos últimos dias com ênfase no período de 1260 dias/anos, cuja importância se percebe pelo fato de ser um período mencionado 7 vezes (Dan 7:25; 12:7; Apo 11:3,4; 12:6,14; 13:5).

Isso é uma repetição de Dan 7:25, onde se vê o período pela primeira vez. Mas isso também é uma ampliação do período que se vê nas profecias de Apocalipse. Mas os outros períodos de 1290 e 1335 são uma ampliação de 1260 anos que se cumpriram paralelamente no passado, dados a Daniel, a fim de que ele tivesse a certificação das profecias que já haviam sido dadas.

4º ERRO: “Quando a linguagem é incomum, o período é simbólico; quando é comum, então, o período será literal”.

Por exemplo, diz Samuel Ramos: Em Dan 8:14, temos uma linguagem comum ou incomum? Incomum: “tardes e manhãs”. Então, o período é simbólico. Mas em Dan 12:11-12, onde lemos de 1290 dias e 1335 dias, a linguagem é incomum, ou comum? É comum. Então, devemos interpretar de modo literal. Não parece lógico? Mas, disse alguém, que na sabedoria, muitas vezes, a lógica é ilógica. Outro professor de Teologia já disse que “às vezes, a lógica nos permite errar com segurança”.

Com todo o respeito, a regra acima exposta não procede e não é suficiente, porque em Apo 12:6, onde se fala de 1260 dias,  a linguagem é comum, mas o período é simbólico. Logo a seguir, no v. 14, a linguagem é incomum [tempo, tempos, e metade de um tempo], e o período deve necessariamente ser interpretado da mesma forma do v. 6, simbolicamente. O  verso 14 é uma recapitulação do v. 6, uma retomada da linha do pensamento interrompido pelos versos 7-12, e se refere ao mesmo poder perseguidor.

Ora, em Daniel 12, acontece exatamente a mesma coisa do que vemos em Apo 12. Em Dan 12:7, temos uma linguagem  incomum, e nos versos 11-12, temos uma linguagem comum. Mas, ambos os períodos, comuns ou incomuns, devem ser necessariamente interpretados simbolicamente, como exige a correspondência e coerência com Apocalipse 12, além de exata exegese. Não se admite, em uma exegese correta interpretar diferentemente os mesmos períodos, em diferentes capítulos, porque são repetições e ampliações do mesmo poder. Portanto, a regra é o seu contexto profético, apoiado por uma linguagem profética.

PERÍODOS DE DANIEL 12

Alguns pensam que os períodos de Dan 12 devem ser interpretados de modo literal, porque não consideram o contexto mediato e imediato. Pelo contexto imediato, as palavras “um tempo, dois tempos, e metade de um tempo” apontam para Dan. 7:25, como vimos, que requer uma interpretação simbólica, e, portanto, esta deve ser também vista desta forma.  Os outros dois períodos [1290 e 1335 dias] estão dispostos em relação ao tempo do fim e relacionados com 1260, que é a base daqueles.

Em um contexto mediato, mais distante, vemos como Dan 12:7,12 está relacionado com Apocalipse 10: 6-7. O juramento do Homem vestido de linho é o mesmo juramento de Apo 10. O conteúdo [“já não haverá demora (gr. eti, tempo)”] aponta para o Tempo do fim, relacionado com o final de 1260 e o final de 2300 tardes e manhãs, além dos quais já não haveria mais tempo profético.

Mas, a que se refere esse tempo profético? Samuel diz que tempo profético, simbólico, não haveria, mas tempo literal sim, haveria. Esta conclusão é forçada, porque não há nenhuma indicação no texto de Dan 12 ou Apo 10, que se adapte ou mesmo que sugira que de agora em diante, os períodos devam ser interpretados literalmente.

Pelo contrário, Ellen White diz outra coisa: “… nenhum período profético se estende até o segundo advento.” (GC, 456#2). Ela está se referindo a um tempo de marcação de datas para a volta de Cristo. Este é o contexto. Agora, se o período é de 3 anos e meio ou de 1335 dias, ou daqui a 30 anos, o conceito de marcação de datas e “tempo profético” continua sendo válido.

Disse mais: “Vi que eles [os mileritas] estavam certos em sua interpretação dos períodos proféticos; o tempo profético terminou em 1844” [Primeiros Escritos, p. 243#2]. Portanto, após 1844, não temos mais nenhuma possibilidade de marcar períodos pequenos ou grandes, simbólicos ou literais, para ansiosos nos preparar para o fim de todas as coisas. “O tempo não tem sido um teste desde 1844.” [EGW, Primeiros Escritos, p. 75#0]. Portanto, não se trata de tempo profético ou literal. Trata-se de “tempo”, que pode ser literal ou simbólico, que não é mais um teste.

QUANDO COMEÇARAM OS PERÍODOS DE DAN 12?  

1260 DIAS/ANOS:

Dan 12: 7: “um tempo, dois tempos e metade de um tempo” equivale a 3 tempos e meio; um tempo significa um ano (Dan 11:13), portanto, 3 ½ anos proféticos.

Como um ano do calendário judaico era de 360 dias:

1 tempo   = 1 ano  =   360 dias > 360 anos

2 tempos = 2 anos =   720 dias > 720 anos

½ tempo  = ½ ano  =   180 dias > 180 anos

TOTAL  >>>>>>>>>>>>>>>        1.260 anos

Esta expressão é apenas uma repetição de Dan 7:25, que profetiza a respeito do Papado em seu tempo de supremacia na Europa ocidental. O decreto de Justiniano, de 533 AD, estabelecendo o bispo de Roma como o cabeça de todas as Igrejas, só foi válido a partir de 538, com a vitória sobre os ostrogodos, forças arianas contrárias.

Decreto de                                                        Prisão do papa

Justiniano                                                                 Pio VI

538   >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>   1798

   ______________1260 anos ____________

1290 E 1335 ANOS

  Os outros períodos de Dan 12:11 e 12 começaram em 508 AD, quando aconteceu a conversão de Clóvis, rei da França, que foi a primeira tribo bárbara a se converter ao Catolicismo, e a primeira nação a derrotar o Papado, em 1798.

 

1290 DIAS/ANOS: Dan 12: 11

A palavra “sacrifício” foi adicionada a diário (heb, tamid) pelos tradutores. O significado original é um adjetivo que se torna um substantivo, “o contínuo”, e se refere ao contínuo ministério de Cristo como Intercessor no Céu (Heb 7:23-25).

“Abominação desoladora” não é o Decreto Dominical, como tenta impor Samuel Ramos. Abominação desoladora é o Sistema papal. É um sistema que não só impõe o Domingo, mas a idolatria da missa, a veneração dos santos, a mariolatria (adoração de Maria), a infalibilidade papal, a imortalidade da alma, o inferno, o purgatório, a confissão auricular, a perseguição dos mártires, as cruzadas, etc. O sistema papal é muito mais do que a imposição dominical, e o texto é muito mais amplo do que um decreto, mesmo que seja de grande alcance. Aliás, o texto fala do passado, não do futuro. O sistema já está estabelecido e mais vivo do que nunca dantes, e já operava nos tempos de Paulo (2Tes 2:7).

O período de 1290 dias está estreitamente ligado com o de 1260 dias (Dan 12:7), ou seja, estes dois períodos cobrem o mesmo curso histórico, terminam juntos. O excesso de 1290 sobre 1260 dias se localiza na remoção do “contínuo” como também no estabelecimento do papado. Subtraindo-se 1290 de 1798, que é o seu final, teremos facilmente o seu início em 508 DC, ano da conversão de Clóvis, rei da França.

A data de 508 AD é considerada como o tempo em que foi tirado da mente do povo o “contínuo” ministério de Cristo, e posta a abominação desoladora, estabelecendo o Papado, sob influência da França, pela conversão do rei Clóvis. Só de 508 AD é que se pode contar com o tempo em que foi estabelecida a abominação desoladora (o sistema papal), desde os seus primórdios.

Isso é passado. Não se repete, porque o sistema contra Deus (2Tes 2:1-4) já foi estabelecido. Não pode haver uma dupla aplicação de uma profecia que está em andamento. A dupla aplicação de uma profecia não pode partir do intérprete, mas de um outro profeta inspirado. Portanto, E. G. White está autorizada a fazer essas aplicações semelhantes com valor real. Ninguém mais. Não podemos confundir aplicações proféticas com aplicações homiléticas que qualquer pregador pode fazer.

A importância da conversão de Clóvis, rei dos Francos. Há uma tendência do Dr. Samuel a desfazer da importância desse ato, mas a História indica que foi grande a sua influência na Igreja Católica, bem como politicamente, sobre outros bárbaros que se entregarem ao Cristianismo.

O Dr. Samuel tenta convencer o seu público de que a interpretação adventista oficial é de que Clóvis é a abominação desoladora. Esta não é a nossa interpretação. Nunca dissemos isto. Antes, dizemos que o rei Clóvis da França ajudou o Papado a se estabelecer a partir de 508 DC, quando se manifestou como o primeiro bárbaro a se converter ao Catolicismo, batizando-se no Natal desse ano. A sua conversão levou os outros bárbaros a se tornarem cristãos também.

 Diz a História que “Clóvis é significativo devido à sua conversão ao Catolicismo em 496 DC, em grande parte, a mando de sua esposa, Clotilde. Ele viria a ser venerado como um santo por este ato, celebrado hoje, tanto na Igreja Católica Romana como na Igreja Ortodoxa Oriental. Clóvis foi batizado no dia 25 de dezembro de 508 DC.” Veja a fonte na internet:     https://pt.qwe.wiki/wiki/Clovis_I

“Clóvis, eventualmente, se converteu ao catolicismo após a Batalha de Tolbiac no dia de Natal de 508 em uma pequena igreja na vizinhança da Abadia de Saint-Remi em Reims; uma estátua de seu batismo pelo papa São Remígio ainda pode ser vista lá.” (Idem)

Esse batismo, levando à conversão de todo o povo  dos francos ao Cristianismo, foi um sucesso importante para a Igreja Católica e um evento influente na história da Europa. Basta ler na História Medieval.

Mais tarde, o imperador Justiniano em 533 DC baixou um Edito reconhecendo o Papa como o Chefe de todas as Igrejas. Como os bárbaros arianos Hérulos, Vândalos e Ostrogodos não concordaram, foram destruídos pelo general Belisário, com o seu exército, em 538 DC. Só então, o Papa foi definitivamente estabelecido. Mas o rei da França deu o impulso que faltava. Entretanto, em 1798 foi a mesma França que destronou o Papa Pio VI, por ordem de Napoleão Bonaparte, pelo general Berthier, que por sua vez enviou o soldado Haller.

 

1335 DIAS/ANOS: Dan 12:12

Lemos em Dan 12:12: “Bem-aventurado o que espera…”, ou seja, se os períodos anteriores já passaram, e ainda não se cumpriram certas profecias, então, deve esperar, ao passarem os 1290 anos, ainda mais 45 anos, até que se cumpram os 1335 dias/anos, que estão paralelos. Começando em 508 AD, o último período avança até 1843 [508 + 1335 = 1843], uma data importante em relação com o grande despertamento adventis-ta na América do Norte, que conhecemos como o movimento milerita.

A bem-aventurança se refere à alegria da esperança na Volta de Cristo que estava sendo pregada para 1843, por Guilherme Miller, e seus colaboradores e por centenas de pregadores espalhados pelo mundo. Esse período chega até essa data memorável de 1843. Isso também já se cumpriu no passado. Esse período não se repete mais.

  Batismo de                                Prisão do Papa              Alegria da

     Clóvis                                               Pio VI                      Esperança

508 >>538 >>>>>>>>>>>>>>>>> 1798 >>>>>>>>> 1843

             _________1260 __________

_____________1290 ____________

____________________  1335  _________________

Além do mais, é bom saber que o erro cresce ao sabermos que E.G.White afirmou juntamente com os pioneiros da Igreja adventista, que “os 1335 dias já se cumpriram no passado.” [E.G.White. Carta H-28, 07/11/1850, citado por Dr. Alberto Timm, em Ministério/Maio-Junho/1999, pág.18ss]. Portanto, não vamos esperar que esta profecia se cumpra novamente, muito menos um período simbólico transformado em literal, sem motivo.

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