O MAIOR CONVITE
Exposição de Mat 11:28-30
Desponta fulgurante nas páginas sagradas o extraordinário brilho de uma promessa, uma promessa encantadora proferida pelos meigos lábios do Salvador.
Num dia de intenso trabalho na vida agitada de Jesus, em que pregava nas cidades, ensinava ao povo, curava os enfermos – o Mestre amigo se compadeceu de uma multidão cansada e turbulenta que Lhe seguia os passos. Condoendo-Se de Seus pesares e angústias, e lendo o coração deles como a um livro aberto, Ele profere as mais reconfortantes e oportunas palavras, o maior convite na Sublime Promessa de inspiração, encontrada em Mateus 11:28: “Vinde a Mim todos os que estais cansados de oprimidos e Eu vos aliviarei.”
Estas palavras indicam o Consolador dos aflitos. Elas evidenciam com clareza a divina autoridade dAquele que é poderoso para nos confortar.
I – O CONVITE: “Vinde a Mim”
“Vinde” é um verbo, é um imperativo, é um convite.
Toda promessa tem suas condições. Cumpridas as condições, podemos apoderar-nos do benefício. “Vinde” é a condição. Satisfeita a condição, temos o dom que a promessa encerra.
“Vinde a mim” é uma mensagem do amor de Jesus. Note que homem pelo pecado se alienou de Deus, separou-se da única fonte de vida. E Jesus segundo seu beneplácito fez-se intermediário entre o céu e a terra a fim de unir novamente o Divino com o humano. Ninguém pode apresentar-se diante de Deus sem antes ir ter com Jesus. Ninguém pode justificar-se ante o Eterno sem antes apegar-se a justiça de Cristo pela fé.
Desde o mais humilde ser humano até o mais rico e abastado, ao culto e ao iletrado, ao jovem e ao velho é dada a segurança: “O que vem a mim de modo nenhum o lançarei fora.” (João 6:37). Aí está o segredo: a todos é dada a certeza de que serão aceitos por Jesus. Ninguém, pois, fique na dúvida ou desânimo. Embora sejamos os mais indignos, Jesus fala: “Vinde a mim”.
Ir a Jesus constitui-se em nossa única esperança; não há outro remédio, não há outra solução. São ineficazes as longas peregrinações; é inútil deitar-se em camas cheias de pregos; subir de joelhos escadas sagradas, dar grandes somas de dinheiro, fazer caridade – estes são os meios humanos que o Céu não aceita. Unicamente atender ao convite de Jesus nos pode trazer esperança e salvação.
As palavras “Vinde a mim” denotam ação: O cristianismo não é mera definição de conceitos bíblicos, não se baseia em teorias, palavras apenas. O cristianismo se baseia em ação. Ao ouvirmos o doce e amorável convite de Jesus devemos sem detença fazer alguma coisa. Aqui está a sublimidade, aqui está o segredo: fazer alguma coisa. Mas fazer o quê? Ir à Jesus.
De que modo vamos a Jesus?
- Podemos ir a Cristo pelo infinito recurso da prece. A oração nos comunica com a fonte inesgotável de poder e refrigério. Podemos pedir a Jesus o perdão dos pecados, o Espírito Santo, a devida sabedoria e força para realizar sua obra, um temperamento cristão, ou qualquer outro dom. Então, devemos crer que recebemos e agradecer a Deus por havermos recebido.
- Podemos ir a Cristo através da contemplação. Ao contemplarmos a Jesus, nos aproximamos dEle e somos transformados. Nos faria bem se meditássemos no caráter e vida de Jesus. Sua paciência, sua bondade e amor sua humildade, os seus últimos terríveis momentos na cruz – tudo isso nos traz o coração a Cristo, traz o próprio Cristo até nós.
- Podemos ir a Cristo através da Bíblia. Estudando sua Palavra, lendo a Bíblia e com humildade e reverente contrição, no espírito de quem deseja se alimentar, investigando o sagrado volume como a um tesouro inapreciável, nós nos achegamos a Jesus, nos aproximamos dAquele que disse: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim.” (João 5:39). Em contato reverente e humilde com o livro divino, aproximamo-nos de seu Autor e de Quem as próprias páginas luminosas falam.
Ao irmos a Jesus, nós o faremos como nos encontramos. Não devemos tentar um preparo prévio, pois será inútil qualquer esforço neste sentido. Há pessoas que prometem melhorar sua vida, para depois irem a Jesus. Não compreendem que é impossível melhorá-la se primeiro não forem a Ele. Primeiro vamos a Jesus; e, depois, somente depois disso, é que teremos uma vida transformada.
Se não formos primeiro a Cristo, as derrotas serão constantes e desanimadoras. Entretanto, ao irmos à Jesus, nossas vestes impuras serão substituídas por suas vestes de Justiça.
Alguém, no entanto, pode não ter forças para se achegar a Cristo. O pecado escraviza a sua vítima, paralisando os músculos da alma, e incapacitando para as possibilidades espirituais. Porém, mesmo nesse caso, não precisamos desanimar. Não podemos com nossas próprias forças mudar a posição em que nos encontramos, mas podemos escolher atender a Jesus, ouvir a sua amorável voz e o Seu convite e seguir as Suas pisadas. Somos tão incapazes de nos erguer como o paralítico de Betesda no tanque; mas como ele, podemos ouvir a voz de Jesus e dizer que desejamos ser restaurados. Se tão-somente dermos a nossa vontade a Jesus, reconhecendo a enormidade de nosso pecado, o Salvador virá até nós, trazendo libertação.
II – A QUEM JESUS FAZ O CONVITE?
Note que o Salvador convida: “todos os que estais cansados e oprimidos.”
A palavra “todos” é uma chave desta segunda frase. A esperança da humanidade sintetiza-se nesta palavra “todos”. Ela não exclui a ninguém. Todo filho ou filha de Adão pode erguer-se e brilhar de ânimo diante de um Redentor que pode salvar perfeitamente a todos que a Ele se achegam.
Jesus faz o convite para que todos sintam o alcance do seu chamado. No plano da redenção em seu objetivo inclusivo de salvar e reabilitar a raça humana, não há acepção de pessoas. Todos podem ter salvação e descanso prometido.
As palavras do Redentor são extensivas a todo ser humano, pois todos se acham abatidos e sobrecarregados. Ele convida a ricos e a pobres, curados e doentes, viciados e virtuosos. Saibamos nós ou não, todos estão cansados e oprimidos. Todos se acham vergados ao peso de fardos que só Cristo pode remover. O mais pesado fardo que levamos é o pecado. Diz a serva do Senhor, Ellen White: “O mais pesado fardo que levamos é o do pecado. Se fôssemos deixados a suportar-lhe o peso, ele nos esmagaria.” (Ciência do Bom Viver, 71)
No entanto, maravilhosa foi a providência tomada pelo inocente Cordeiro de Deus. Tomando o nosso lugar, fez “o Senhor cair sobre Ele a iniquidade de nós todos” (Isa 53:6). Na cruz do Calvário, o inocente Filho de Deus levou a culpa de todos os pecadores. “O Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo1:29) levou sobre si o pesado fardo da humanidade toda. Ele carregou peso da nossa culpa e pecado. Assim Jesus, e somente Ele, tem o poder de fazer o convite a todos os culposos habitantes da terra. Ele é o único que pode satisfazer os anelos de nossa angustiada alma. Diz Ele: “Vinde a mim todos”.
Ainda mais: “vós que estais cansados” – vós que estais molestados, fatigados, extenuados, escravizados pelo pecado, a vós é lançado o convite. “Vós que estais oprimidos” – vós que estais sobrecarregados, opressos, aflitos, tiranizados pela culpa do pecado. A vós é proferido o maior convite. Ele é dirigido a todos os que têm ouvidos para ouvir e olhos para ver as realidades do mundo porvindouro.
O mundo é um hospital de homens, mulheres e crianças desanimados, arruinados, loucos, neuróticos, angustiados, petrificados, desassossegados e infelizes. Haveria esperança para um mundo assim tresloucado e confuso? Há esperança, pois Jesus Cristo diz a todos: “Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos”.
Certo jovem, assistindo a uma Semana de Oração realizada num de nossos colégios, no IAP, em maio de 1969, sentiu que este convite se referia a ele também. Ele queria falar com o pastor dirigente daquele reavivamento espiritual, estava como que vigiando, aguardando uma oportunidade. Um dia encontrou o pastor sozinho, acercou-se dele e começou a abrir o coração, a falar-lhe dos seus problemas. Era um moço criado num lar adventista, desde cedo. Teve bons princípios, mas ele quis fazer uma aventura, desejou experimentar o prazer do pecado. E começou a ir a cinemas, buscou alguns prazeres proibidos, e desceu até a imoralidade. E enquanto falava, seu corpo todo tremia desde os pés até as pontas dos dedos. E na sua angústia, no seu abatimento, em seu profundo desespero, perguntou: “Pastor, será que Deus ainda me aceita? Haverá salvação para mim?” Então, o pastor lhe apresentou o maior convite registrado na Bíblia, o convite de Jesus: “Vinde a Mim!” E o jovem pôde encontrar paz de alma.
Sim, Deus aceita. Ele espera que também aceitemos o oferecimento de Cristo: “Vinde a mim!” Por mais baixo que tenhamos descido no poço do pecado, o Salvador ainda aceita, há suficiente graça, há provisão no evangelho para o mais vil pecador.
Existe, porém, um detalhe de suprema importância que precisamos salientar: Jesus se refere aos que sentem o seu desespero, sentem o seu estado perdido e almejam a bênção prometida. Por isso é que diz: “todos vós que estais cansados”, todos vós que reconheceis o vosso estado desesperador e angustiante, “Vinde!” Assim foi com aquele jovem que sentia a sua profunda e urgente necessidade, e foi ao pastor.
Cristo não tinha em mente os fariseus, saduceus e doutores da Lei no Seu tempo que eram encapsulados dentro de sua vaidade religiosa, cheios de orgulho e justiça própria, que não sentiam necessidade de salvação. Embora milhares estejam oprimidos pela carga esmagadora do pecado, muitos são por demais orgulhosos para reconhecer a sua culpa. Não há descanso para os que não querem descanso. Não há refrigério para os que no deserto causticante da vida afastam-se daquele que é a fonte viva de águas cristalinas.
Mas a todos os que almejam ser aliviados, a todos os que tem fome e sede de justiça é estendido o majestoso convite de Jesus, e não só terão descanso eterno mas poderão ser na terra condutos pelos quais outros que se encontram cansados e oprimidos precisam de acesso ao Salvador, o Sublime confortador dos Aflitos.
III – QUEM FAZ O CONVITE
Na promessa do Salvador refulge com extraordinária beleza as palavras finais: “EU vos aliviarei”.
Quem promete é o grande “EU SOU”. “Eu vos aliviarei!” Foi o mesmo Jesus que falou a Moisés do Monte Horebe, dizendo “EU SOU O QUE SOU”. “Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” Êxo 3:14.
Foi esse o poderoso penhor da libertação de Israel. Foi esse nome que libertou a nação Judaica através dos séculos. Foi esse nome que por virtude do Espírito Santo veio ao mundo para salvá-lo. É esse mesmo nome que seguramente promete: “Eu vos aliviarei”.
Vindo a Plenitude dos tempos, quando Jesus envolto na humanidade veio semelhante aos homens declarou ser o grande EU SOU, o Todo-poderoso Jeová. O infante de Belém, o manso e humilde Salvador, é Deus manifestado em carne (1 Tim 3:16), é o mesmo EU SOU da antiguidade. É o grande Criador com o Pai. EU SOU é o mesmo Pai da eternidade, que nasceria como uma simples criança (Isa. 9:6).
Este nome pertence a Jesus de Nazaré. Nenhum outro viveu uma vida sem pecado, e depois morreu morte expiatória, rompeu as cadeias da sepultura e ascendeu gloriosamente para o Céu. Nenhum como Ele “é o mesmo ontem hoje e eternamente” (Heb 13:8).
Eis aí o Seu nome tão abarcante em seu escopo que ninguém O pode rivalizar. Ouçam a Sua voz firme e autorizada: “Eu sou a porta das ovelhas!” (Jo 10:7), “Eu sou o bom Pastor!” (Jo 10: 11), “Eu sou o Pão da vida” (Jo 6:35), “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida (João 14:6), “Eu sou a videira verdadeira” (Jo 15:1), “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim” (Apo1:8). EU SOU é a certeza da Promessa: “SOU EU, não temais!” (Mat 14:27).
O excelso Jeová, o grande EU SOU é Jesus o Salvador. EU SOU é a certeza de nossa libertação do pecado, a promessa infalível de alívio e segurança de poder para obedecer à Lei do Céu. EU SOU é o Árbitro entre Deus e a humanidade, pondo a mão sobre ambos. Aquele que é santo, inocente, e imaculado tem poder para cumprir o que promete, quando diz: “Eu vos aliviarei!” Diz Ele: “É-me dado todo o poder do céu e na terra” (Mat 28:18).
Esse nome está sobre todos os nomes e tem o poder do universo. É por esse nome que há salvação, “porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome dado entre os mortais pelo qual importa que sejamos salvos” Atos 4:12. Bendita Esperança! Gloriosa verdade! Inaudita ventura!
IV – RESULTADO DE IR A JESUS
Prezados irmãos, estimados amigos: Notem bem estas palavras: “Eu vos aliviarei!” Milhares têm verificado ser Cristo a resposta às necessidade de sua alma. Milhares tem achado descanso em Jesus.
- João Bunyan foi quase avassalado por dúvidas e temores, até que no romper da aurora de um belo dia, enquanto atravessava um campo, ouviu as palavras: “Tua Justiça está no Céu!”
- João Wesley procurou por 10 anos encontrar descanso a sua alma em aflição, e angustiado afligia-se à procura de uma solução. Um dia à noite, muito a contragosto, foi a uma Sociedade Cristã, onde alguém estava lendo o prefácio de Lutero a Romanos. Enquanto ouvia aquelas palavras sobre a mudança de Deus no coração pela fé, sentiu-se estranhamente satisfeito e creu em Jesus como único Salvador. Sua vida depois daquela reunião é um valente testemunho a favor do descanso de alma dado por Jesus. Então, se tornou um dos maiores evangelistas do mundo.
- O próprio Lutero descobriu a alegria e o descanso em Cristo. Farto e cansado de procurar salvação por seus méritos, esse aflito e insatisfeito monge foi liberto pelas palavras do Evangelho. Numa infeliz tentativa de se justificar pelas obras e sentir alívio de seus pecados, aquele monge subia de joelhos a famosa escada de Pilatos, quando foi para sempre esclarecido e liberto ao ouvir uma voz tonitruante que lhe bradava do coração: “o justo viverá pela fé!” Rom 1:16.
Ainda hoje há conforto e alívio nas palavras “Eu vos aliviarei e achareis descanso”.
Qual é o alívio que Jesus oferece?
A carga do pecado que sobre nós pesa é removida. Nossos ombros cansados recebem descanso. Realmente, sentimos que o fardo é tirado, e somos aliviados.
Qual é o resultado? O que acontece quando vamos a Jesus? Somos aliviados. O que acontece quando somos aliviados? O pecado é removido, somos perdoados e temos consequentemente paz de alma, paz duradoura, paz eterna.
Aquele que diz: “Eu vos aliviarei”, é o mesmo que nos garante: “Deixo-vos a paz a minha paz vos dou” (Jo 14:27). Unicamente ao irmos à Jesus, será extinta a chama da inquieta angústia de nosso coração. Só ao irmos à Jesus, aquietar-se-á o redemoinho de nossa alma. Só ao irmos a Jesus, sentiremos o descanso da paz.
Pouco antes de sua crucifixão, nosso Salvador deixou aos discípulos o maravilhoso legado da paz nas palavras: “A minha paz vos dou” (João 14:27). Pouco antes de sua ascensão, disse ele aqueles vacilantes e amedrontados galileus: “Paz seja convosco!”. Pouco antes de sua Segunda Vinda, oferece Jesus aos pecadores o admirável dom da paz: “Eu vos aliviarei!”
Temos nós esta paz? Nós a teremos se cumprirmos a condição da promessa: ir a Jesus. Somente em Cristo temos paz. Os homens nunca desfrutarão a paz perfeita, a paz de alma, a paz de consciência, enquanto não forem a Jesus. “Vinde a mim” diz o amado Salvador “e Eu vos aliviarei”.
Não devemos adiar nossa decisão. “Hoje Se ouvirdes a Sua voz, não endureçais o vosso coração” (Heb 4:7). Hoje é o dia da salvação. O “amanhã” não existe no vocabulário da salvação. Ele pode não vir. Ou ele pode vir demasiadamente tarde. Hoje é a palavra certa, hoje é o tempo aceitável, hoje soa o convite divino, o maior convite, o convite majestoso. Hoje devemos ouvir e responder.
“Vinde a mim” é o apelo do maior Amigo, o Amigo certo para a hora incerta. “Vinde a mim” é o amorável convite dAquele que pode nos remir. “Vinde a Mim” é o chamamento de Jesus, o fiel Salvador que cumpre Sua promessa com certeza e fidelidade. “Vinde a mim!”, convida-nos aquele que declarou ser o Caminho, a Verdade e a Vida.
“Vinde e argui-me diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, tornar-se-ão como a branca lã.” (Isa 1:18). “O que vem a Mim de modo nenhum o lançarei fora”. “O que vem a Mim jamais terá fome. O que crê em Mim nunca terá sede.” (João 6:37,35). “Vinde a Mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei.” “E achareis descanso para a vossa alma”.
Quem fala é o Príncipe da paz. Amigo, ele quer te ofertar paz duradoura e eterna. Como responderás ao maior convite, o convite majestoso de Jesus? Não te demores! Tome a sua decisão, mas faça ao lado de Cristo.
Não deixe a oportunidade passar para depois: cuidado com o amanhã; ele é traiçoeiro. Entregue-se a Jesus e você terá descanso, alívio, perdão e paz.
Pr. Roberto Biagini
Mestrado em Teologia